Quem espera ansiosa pelo pai?


Ontem como tantas outras vezes, fomos ao aeroporto esperar pelo pai. A única diferença é que não fomos ao aeroporto de Lisboa mas sim ao do Bahrain. Quem me conhece sabe que eu gosto imenso de ir às chegadas do aeroporto, até escrevi sobre isso uma vez aqui.

Mas ontem, foi diferente. Não sabia porquê mas foi. À noite não conseguia adormecer e desconhecia a razão. O N. dizia como sempre com a sua calma e carinho, não te preocupes vais correr tudo bem, afinal temos tudo igualmente aqui. E é verdade, mas depois durante a minha amiga insónia comecei a pensar em todo aquele movimento que tinha vivido no aeroporto e percebi...sim aparentemente é tudo igual mas na realidade não é.

Eu acreditava que no aeroporto é um local onde se observa as verdadeiras emoções de saudade, alegria e amor. Aqui senti esse amor, mas a manifestação é completamente diferente. O casal na foto, afinal não é um casal (e eu não consegui realizar a minha história) era penso eu, mãe e filho à espera de um filho/irmão (pelo menos assim fantasio). Este quando chegou beijou a mãe três vezes no cimo da cabeça sobre o manto e de seguida três vezes na zona da face, também sobre o manto. De seguida repetiu várias vezes este gesto, transparecendo alegria por ver a mãe mas sem toque de pele ou abraço. Sempre com respeito e contenção na sua demonstração de afecto em publico. A mãe por suas vez, não molhou o filho de beijos e abraços como nós fazemos mas sentia-se nos seus movimentos alegria e emoção em ver o filho. De seguida aproximou-se um homem que deveria ser o pai e então o rapaz repetiu o mesmo movimento. Três beijos ritmados na cabeça e três na face, retribuídos por um sorriso calmo e sereno...

E foi assim de seguida sempre que chegava alguém, forma de cumprimento que eu desconhecia mas que aprendi e interiorizei; acompanhado do som de chamamento para a reza, com palavras cantadas que não compreendo mas que transbordam fé e convicção. Seguiu-se um desfile de culturas, vestes que eu desconheço, que não sei o que representam ou simbolizam. Manifestações de afecto das mais diferentes formas e eu guardei no bolso os beijos repenicados e molhados  que as minhas filhas tanto protestam e limpam de seguida quando recebem.

Não, não é a mesma coisa. Há sempre um pormenor novo todos os dias que me deixa insegura e apreensiva. É uma aprendizagem constante que eu não esperava viver aos (quase) 45 anos.
Quanto ao N., com tanta agitação não o vimos sair e estava à nossa espera noutro sitio, preocupadissímo...Ups meti água. Desculpa!

Um abraço da arábias...até já!

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