How much?


Quando penso que já não há novidades nesta terra, que já nem tenho assunto para vos escrever, acontece sempre uma nova aventura que me faz rir e perceber que aqui haverá sempre uma nova peripécia a contar, mesmo que demore nove dias a fazê-lo.

Há uns dias atrás tinha visto (ao passar de carro) na rua à porta de uma loja de ferragens, umas estruturas em madeira que pareciam ser engraçadas para fazer umas prateleiras para brinquedos. Devem ser baratas pensei, no entanto é melhor perguntar o preço.

Então na quinta-feira a caminho da escola da L., resolvi parar o carro em frente à loja, mas como estava com alguma pressa achei que o melhor era apenas entrar, saber o preço e depois mais tarde voltar com tempo para comprar.

Assim foi, mas afinal quando entrei parecia que estava num café. Percebi que não se vai simplesmente comprar um parafuso ou um alicate, não. Entra-se, come-se uma tâmara e dá-se dois dedos de conversa. Eu muito europeia achando-me superior a isto tudo, fui logo direta ao assunto...How much?

Vem o empregado (indiano) com muita calma e começa então o nosso diálogo surrealista. Ele com o seu péssimo inglês ou seja nenhum, eu como o meu arranha inglês ou seja algum mas que não é suficiente para entender o inglês dos indianos.
Eu apenas queria saber o preço mas ele...Qual é que quer? Qual? Pensei para mim, não percebo são todas iguais. Ele continuava: Qual? Quantas? Para quê? Expliquei para o que queria as prateleiras e ele foi-se embora a pensar. Depois voltou sempre com muita calma e...Ok mom, how many? Expliquei que não me tinha dito o preço, por isso não podia dizer quantas queria e por isso insistia...How much?

E  ele voltava ao mesmo discurso: Quantas? Quais? Para quê? Etc... Conclusão, achei melhor despachar o assunto, paguei, trouxe logo as prateleiras e claro cheguei atrasada à escola.

Ontem, como mulher persistente que sou voltei lá para comprar uma trincha. Entro e desta vez estava o dono, árabe sentado à entrada da loja na conversa com os seus clientes, oferecendo tâmaras e café. Eu apenas queria uma trincha...apenas? Essa palavra aqui não existe.
Beba um café, qual trincha, para quê, não quer antes esta? Está bem pode ser essa, respondo. Assunto encerrado? Não. O dono manda o indiano ir buscar outra...e esta? Very good...cheaper...drink coffe...try coffe please, try.

Enfim, achei melhor entrar no espirito e lá dei dois dedos de conversa pois gostam sempre de saber de que país venho, de como é Portugal e experimentei o famoso café árabe, que apesar do nome café tem cor de chá, sabe a cardamomo e pica um pouco na língua. No caminho só pensava se aquela coisa não me iria dar volta à tripa ou até à cabeça. Mas não, acho que já estou resistente a tudo, ou quase tudo.

Um abraço das arábias...até já!

Comentários

Unknown disse…
Faz mesmo lembrar as nossas primeiras idas ao alentejo quando íamos a casa das vizinhas para diar só um, adeusinho antes de regressar a Lx -"ó vizinha sente aqui...coma um queijinho" -"Mas nós só vínhamos dar um adeuzinho...Qual quê.....só conseguíamos arrancar duas horas depois!!!!..Quando não mais. É que lá por aquelas bandas não há pressas! É mais uma heranças árabe!

Bjs..
E vai mais uma tâmarazinha?
Senhora Sogra

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